Pessoas…

Ontem um cara da empresa de eventos da minha formatura (que foi em 2008) veio me oferecer o álbum de fotos tiradas durante a festa. Eu não aceitei. E ele foi mal-educado.
Fui sábado na bienal do livro com meu namorado e quase tivemos uma crise se stress porque simplesmente havia gente sem noção de trânsito de pessoas ou de educação.
Toda vez que vou pra faculdade há algum indivíduo que usa o celular tocador de mp3 com o volume no último e músicas que, independentemente do estilo que seja, irrita pelo simples fato de estar tocando.
Outro dia, também no ônibus, um grupo de jovens religiosos entrou e começou a cantar em volume alto músicas sobre Deus.
Antes julgava as pessoas erradas de atos hediondos para com a minha pessoa. Mas depois reparei que aqueles que se diziam ao meu lado é que realmente eram dignos de pena, porque de carinho, não mais.

Talvez eu esteja de saco-cheio de pessoas de espírito sujo perto de mim. Talvez eu tenha simplesmente pego alguma frescura maldita. Talvez eu tenha decidido reparar e não aguentar mais. Talvez eu esteja me achando superior e julgando os outros.

Vou fazer 19 anos dia 30. Quero começar a trabalhar em breve. Quero ter notas altas na faculdade. Quero meu namorado ao meu lado. Quero meus amigos sempre por perto também. Quero a saúde da minha família. Quero poder entender porque os outros simplesmente têm de ser tão egoístas, idiotas, sujos e irritantes. Quero acreditar na democracia.
Será?

A única certeza na vida.

Ela era alta, cabelos preto-azulados e tinha a mesma mania de sorrir enquanto falava apenas para parecer simpática. Isso não quer dizer que tornava a situação mais confortável. Suspirei.

-Oi, DeeDee.
-Ah, que bom que você sabe quem eu sou.
-Achei que ia pro inferno direto…
-Sou apenas um corredor entre a sua vida e o que você crê encontrar após sua morte. Se você acha que merece ir para o Inferno de Lúcifer, então vá.

Tudo bem. Eu podia muito bem ir pro inferno com a justificativa óbvia do meu suicídio. Mas eu também podia me dar uma nova chance e reencarnar.

-Eu já fui eu mesma, DeeDee?
-Como assim?
-Sabe…Mesmo que vivendo em outra época, eu tinha a mesma personalidade, o mesmo gênio depressivo? As mesmas pessoas me influenciaram da mesma maneira? Ou foi tudo diferente e eu simplesmente morri de alguma peste ou de um tiro durante a primeira guerra?
-São perguntas que eu não posso responder e você sabe.
-Tá, tá…

Antes que alguém pergunte, DeeDee é de Death. Morte, saca? O fim da linha, aliás, o corredor para o fim da linha. E eu me matei numa crise de depressão por ter perdido o único homem que realmente me fez feliz um dia. Eu também estava meio cansada de viver. Sabe como é…Sempre tem que comer, dormir, cagar, enfim….Bem que podiam mudar essa configuração básica do ser-humano de vez em quando. Aliás, pra ninguém perguntar também, eu resolvi me jogar do vigésimo andar. Ah, morri com vinte anos de idade, se é que vocês pegaram a piadinha.

-Ok, eu posso escolher ir por um desses corredores, certo?
-Certo.
-E cada um representa o que eu quiser que eles representem pra mim, certo?
-Certo.
-E se eu quiser ficar aqui pra conversar e passar um tempo, pode?
-Victória, pára de enrolar!
-Ah, vai, Death, eu sei que você sempre quis uma companhia. Desde que o Morpheus morreu, você não foi mais a mesma. E eu sei que você sabe que eu também perdi o meu irmão. Vamos jogar um xadrez e prosear, vamos?
-Você é uma 171, sabia?
-Sei. Quando eu sair daqui, mande um abraço pra/pro Desejo, está bem? Sem ela eu não estaria aqui, se é que você me entende…
-Tá, tá…vamos logo com isso...

Hell Copa

Esse maldito clima de copa, com todo esse verde e amarelo por todo canto me deixou enjoada no ônibus. O que me fez pensar que, ao menos uma vez, uma única vez, eu tenho que soltar a língua e falar o que me deixa brava (ou não). Porque segurar tudo em nome do bem maior não me parece mais são.

Torcedores fanáticos e burros: vão tomar no cu.
Idiotas da faculdade: parem de ser idiotas e achar que o mundo gira em torno da porra da internet e da faculdade.
Rodrigo: você é um asshole controlador e carente porque não sabe fazer amigos.
Amanda: eu amo você, querida. Agora delete a dramática da Manu e a controladora da Jess da sua vida. Elas não valem nem um fio de cabelo seu.
Nietzsche: pare de me morder.
Marcelo: a única vez que eu pedi seu colo, você pediu um tempo no namoro. Implorou pra eu não te deixar, mas você me deixou. Adoraria explicações….Mas na verdade, foda-se.
Mateus: eu te amo, querido.
Kim: como está você?
Lucas, Renan, Patrick e Allan: sinto saudades.
Pai e mãe: eu também amo vocês.
Gordo: você é gordo, mas eu também te amo.
Vadias do shopping: aposto que são amigas das vadias da minha sala, então, bem…baranga é a mãe de vocês.

E eu vou me aliviar assim que der um “publicar postagem”.
Vou ver o jogo.
Coréia vai ganhar de 2 a 0.
E se não ganhar, eu espero que esse país pare de dar feriado por causa de uma merda de jogo.
Não foi a educação que eu tive em casa, mas falar palavrão liberta a alma.
ADEUS.
(reclamações via e-mail, twitter, orkut, cara-a-cara. Tanto faz.)

Positivismo

Se eu podia usar bermudas de garoto na escola aos 14 anos, eu posso usar esmaltes da moda agora. Se eu podia contestar a política brasileira sem que me contrariassem, eu posso usar mini-saia com salto e falar palavrão ao mesmo tempo. Se eu ainda continuo cruzando as pernas em formato “indiozinho” em todo lugar que eu sento, ainda posso sentar e encarar quem quer aparecer na minha frente. Se eu podia ouvir Slipknot e Linkin Park e achar que era tudo a mesma coisa, ainda posso ouvir Iron Maiden e achar uma merda.
Se eu fui usada, eu posso usar alguém. Se eu te amo, eu posso te destruir. Se eu te odeio, posso te transformar no maioral. Se eu posso sair de casa sem calcinha e me achar a mais vulgar de todas, eu posso muito bem usar moletom na rua e ser bagaceira.
Eu posso e eu vou. Não é o tempo, não são trabalhos nem pessoas que vão me impedir de fazer o que eu quero fazer e, logicamente, eu posso fazer.
E o que eu quero é ouvir apenas a minha cabeça agora. Foda-se coração, foda-se! Você já tomou meu corpo por tempo demais e olha como eu estou agora! Vou fazer aquilo que me faça chorar por apenas uma ou duas noites entre dias felizes e não o contrário. E se isso não der certo, eu posso muito bem reiniciar e fazer o que eu acho que vai ser melhor para mim.
Tudo dará certo.
Agora, se você não agir como estou planejando…

“With your smart mouth and your killer hands
With a potion oh that I have made
For a young man its a heck of a wage
And i feel crazy when I see your face” – True Love Way – Kings Of Leon.
Boa Noite!

O bar salvador.

-Uma coca-cola, por favor?!
O balcão de luz iluminava meu rosto e, do espelho à minha frente, via a cena grotesca que estava me tornando. As rugas eram muito visíveis para uma mulher de 22 anos. Seria o cansaço ou a abdicação de ingerir qualquer coisa que possa levar à algum tipo de alucinação? Tanto faz! Eu me sentia velha e indiferente para tudo o que acontecia á minha volta.
Estava num bar do centro. Nada muito fora do comum: som alto, garotas de mini-saia, caras arrogantes e necessitados, baristas prontos para aguentar bêbados carentes e os perdidos, como eu. Os perdidos (e perdidas) são sempre aquelas pessoas que nunca bebem, ou bebem sem exageros, apenas observam o ambiente e concluem que a vida é uma droga.
-Moça? Sua coca com limão.
-Ah, obrigada.
Não sei exatamente quanto tempo se passou, mas em menos de 2 minutos eu consegui relembrar, com detalhes, a aparência que eu estava no enterro do meu irmão, 5 anos atrás. Me olhar no espelho e ver a cara inxada, caída, mas ainda cheia de força. Lembro de analisar no reflexo cada detalhe em minha tez se estava tudo certo. Se aquilo realmente estava acontecendo… O que fez com que eu lembrasse, também em detalhes, da crise de choro por causa de algum garoto. O fato maior, que seria o garoto, eu já não lembro mais. É engraçado que, em nenhuma das ocasiões eu demonstrava aflição e agonia a ninguém. Apenas ficava na minha, observando e ruminando.
Como agora, em frente ao balcão de um bar, enquanto o cara ao lado fica me paquerando e eu simplesmente me concentro no gelo dentro do copo de coca-cola. Ele se aproxima fisicamente e eu me levanto no mesmo instante, levando o copo comigo. Estou de saco-cheio. É sempre a mesma merda. Você vai para um bar, RELAXAR e aparece um ass-hole querendo conversa. Será que ele achou que eu estava bebendo alguma bebida especial? Eu nem vim vestida decentemente. Apenas botei uma calça jeans velha, tênis e regata preta (roupa de barizon, como dizia uma amiga minha). Apenas lápis preto borrado no olho e uma cara de tédio facilmente reconhecível.
Como pode um homem charmoso chegar perto de uma mulher com uma expressão negativa sem mais nem menos? É a revolta que o atrai? Porque eu tentei ser a garota alegre e irritante uma vez e me tacharam como a “de boca calada, é fácil”. Eu não preciso dessa pose ou disfarce para afastar indivíduos que procuram um mistério, um leão enjaulado por trás do maxilar enrijecido que eu insisto em manter quando estou pensando. Quanto ao leão, uma ou duas pessoas o viram. Será que sua pouca exposição à luz do sol o fez ficar tão famoso e, agora, querem tentar me domar?
Tanto faz também. Encostar as costas ligeiramente nuas na parede gelada e sentir o gelo queimando por dentro me acalma. Estou num canto tão escuro quanto a minha camiseta e só sei que há casais se amassando ao meu lado direito porque estes fazem movimentos que tampam a luz que vem do balcão e isso faz com que minha pupila se contraia e dilate de maneira frenética. Isso me deleita.
Ah, a beleza de parar, observar e não ser observada. Finalmente me sinto confortável o suficiente para relaxar as sombrancelhas e não ter mais dor de cabeça por tensão fútil. Eu não deveria ter pegado esta coca. Assim poderia sentir a pressão caindo e ver as coisas turvas e a sensação de fraqueza, de necessidade. Orgulho ferido. Mas já que estamos aqui e eu já tenho glicose no meu sangue, vamos avaliar de novo a situação.
Eu sou uma mulher de 22 anos, recém-formada, trabalhando, morando com os pais, solteira e desinteressada em relacionamentos, apesar da carne arder algumas vezes e eu ter de apelar para o terrível one-night-stand – Deus, isso é tão frio. Parei no bar com dois amigos, mas me perdi deles (de propósito aliás). Ambos estavam acompanhados até cinco minutos atrás e agora devem estar fodendo alguma das garotas de mini-saia. Só terei sinal de vida deles quando meu celular tocar. Eu poderia até ir embora, mas vê-los satisfeitos e ouvir as peripécias sexuais me distrai, me faz refletir o quão fundo de poço eu posso me tornar. Sendo que amanhã de manhã eu sei que acordarei com a diva encarnada, vestirei minha saia social mais curta, colocarei minha meia rendada 7/8 com cinta-liga, salto alto e a camisa social, é claro. Look completo de uma moça vulgar e animada que esconde o lado Holden Caufield, depressivo compulsivo, sarcástico e, até mesmo, psicopata dentro de um olhar aparentemente curioso e inocente.

“Maybe I should look away
Before I ruin this
Maybe I should pick the time
Before I pick the place” – Don’t Get Close – Slipknot.
Boa Noite!

Aperte os olhos e vai.

“-Se eu cair, você me segura?
-Claro, vic. Eu te amo e tô aqui pra isso”

“Você me estressa”

“Você insistiu em apertar na mesma tecla, mesmo erro.”

“Não seja burra”

“Você sempre foi ingênua, victória. Sempre acreditou nas pessoas de maneira errada.”

“Eu sou sua puta e você é meu puto”

“Anjo com malícia.”

“Você seria ridícula se aguentasse mais um pouco.”

“Você não sabe cuidar de si mesma. Nunca vai tomar juízo.”

Passado. Consome as estranhas, sobe pelo esôfago, atinge o olhar em cheio e meu cérebro vê tudo invertido. Tudo igual. Mesma situação, mesmo erro, porém, com mais frieza. Me mostre a diferença, se é que ela existe. E se ela me é insuficiente, vou matar o que impregna minhas roupas e não me deixa dormir à noite.

“Over each mistakes were made, I took the blame
Directionless, so plain to see
A loaded gun won’t set you free, so you say” – New Dawn Fades – Joy Division.
Boa Noite!

Reconhece?

Acordou. Olhou para as mãos e viu que estavam vermelhas, principalmente a direita. Acendeu o abajur e olhou mais atenta. Não fez muita diferença, muito escuro. “Será que estou sangrando?” e saiu correndo até o banheiro. Ao ver seu reflexo no espelho lembrou que o vermelho era da tinta do cabelo. Suspirou, mas não se sabe se foi de alívio ou de frustração. Lavou as mãos e voltou ao quarto.
Ao sentar-se na cama, percebeu que o despertador vintage (que ganhou da mãe e simplesmente o adora) marcava 2:37 da madrugada. No relógio de pulso digital, a temperatura era de 21°. “Tudo bem, tá calor e você não consegue dormir.”Abriu a janela ao máximo e ficou olhando a lua até adormecer de novo.
O leve lençol ainda lhe sufocava, o que, em sonho, causava o efeito de mãos. Mãos de uma mulher? Não, mais fina, uma adolescente, talvez. Ela conseguiu abrir os olhos e finalmente viu: a moça era ela mesma, lhe enforcando com toda a força. Nos olhos de sua ‘clone’, ela via as lágrimas de raiva. “Por que você fez isso comigo? Por que está fazendo tudo errado de novo? Por que você não foi embora inda e largou tudo? Sua covarde!” Ela disse antes de dar um tapa e voltar com as mãos no pescoço da sonhadora. As unhas estavam entrando na pele e tudo o que a garota original conseguiu fazer foi gritar.
Finalmente acordou. De novo. Ficou paralisada até perceber que estava em sua cama, apenas sendo arranhada pela costura do lençol. Sem dor, sem enforcamento, sem dúvida. Ao afundar a cabeça no travesseiro lembrou que alguém disse que os sonhos são reflexo do nosso mais íntimo desejo ou aflição.
Vermelho na cabeça e nas mãos?

“What’s gone wrong, I can’t see straight
Been too long, so full of hate” – Hate To Feel – Alice In Chains.
Boa Noite!

Abraço


Abraço de mãe parece o mais confortável. Principalmente se você é maior que ela e é necessário sentar para que ela agarre sua cabeça junto ao corpo e alise seu cabelo.
Abraço de amigo é o mais recípocro. Estando ele em aflição, você oferece abrigo e vice-versa. Estando os dois felizes, não há abraço mais apertado.
Há o da vovó e da titia. O sufocante e já previsto em cada reunião familiar. Geralmente é seguido de um beijo molhado na testa ou um aperto na bochecha. Um dos mais irritantes e provavelmente, conhecidos do público em geral.
O abraço entre desconhecidos é um ato interessante. Pode ser apertado, cheio de boas esperanças, tímido ou até mesmo desconfiado. Parece que dá pra saber quem vai ser companheiro um do outro e quem simplesmente vai conviver por hábito.
Irmãos, se não são muito ligados, também abraçam-se de maneira reservada e rápida. Mesmo que talvez estes braços não se abram mais um dia, você sabe que nunca vai esquecê-los.
Tem o abraço do amante. Este sem dúvida é único e raro na vida de cada um. É um aninhar e ao mesmo tempo uma capa protetora dura contra qualquer coisa. É um abraço quente, mas não contém malícia. Apertado, mas não sufoca e ainda por cima pode-se ouvir o coração e a respiração da pessoa. Diria que é o mais humano, real e confortável.

De uma maneira ou de outra, um dia o abraço morre. E estamos fadados a fechar os braços em nós mesmos. Quem dera meu abraço fosse suficiente.

*Agradecimentos aos meninos da faculdade que me ajudaram a pensar nest post, que apesar de pequeno, guarda muita lembrança boa.

Mudar e irreconhecer.


É notável a minha mudança de postura quando estou confortável e quando estou impaciente com algo. Não consigo transparecer isso nas fotos. Sempre as olho e penso “que cara de cansada”. 2009 foi um ano, no mínimo, cansativo. Contabilizando os positivos e negativos, até que me dei bem por muito pouco.
Mas ainda estranho certas coisas. Ainda não acredito que meu irmão faleceu. Na praia eu podia sentir a felicidade dele do meu lado por estarmos perto do mar. Podia ouví-lo brincando com meus primos na piscina.
Assim como ainda me estranho no espelho e ver que a mesma garota que fez da sua vida um inferno moral agora tem um futuro reservado na faculdade, um homem ao seu lado, uma família mais compreensiva e próxima, além de amigos mais reais. Parece que não sou merecedora dessa vida. Ou sou? A determinação que tive para cometer erros é a mesma para que, apesar da minha relutância, eu tenha uma vida normal? Me surpreende que agora pra mim tanto faz. Que finalmente eu cheguei à minha liberdade de falar “poxa, foda-se se eu estou sendo meio igual ao esperado. Estou feliz assim!”. Do mesmo jeito que pensava ao fazer meus egoísmos no ano passado.
E mesmo que eu tenha visto tanta coisa, ainda parece que não aprendi tanto assim. Parece que isso não preencheu o meu eu. Eu me sinto mais completa, não nego. Porém, olho algumas pessoas e me pergunto se não estou perdendo nada. Ou se é algo que eu simplesmente já vi e não me lembro. Assim como vejo certos fantasmas em algumas pessoas que conheço e me amedronto, me afasto. Eu já fui mais aberta, mais tolerante. Agora simplesmente ignoro.
No que estou me tornando afinal?
Antes reconhecia meu rosto estampado em cada parte melancólica de uma frase ou imagem. Agora parece que ele se foi, se perdeu em frases clichês da qual reluto em afirmar que fazem parte de mim.
Eu não me dou com as pessoas de um jeito normal. Não amo de um jeito natural. Não odeio de um jeito plausível. Não sofro e não me vejo feliz como todos se vêem. Destas coisas eu tenho certeza. Então por que eu ainda bato a minha cabeça perguntando o que há de errado? Simplesmente tem de estar de errado. Do contrário, não me é real.

“E não sei se sigo ou desisto…
E grito só, entre os surdos” – Quando o Veneno Sobe a Lança – Dance Of Days.
Boa Noite!

Minhocão

Próxima estação: Luz. Acesso à CPTM

Toda vez que ouço “CPTM”, imagino a voz metálica completando a frase com o significado da sigla “Céu Para Todos os Merdas“. E logo me vem à memória de que a estação Luz está bem distante da Paraíso. Penso nessa brincadeira de nomes de estaçãoes desde que comecei a usar metrô de fato.
Isso foi lá pros meus 14, 15 anos. Parece tarde, eu sei, mas no geral, eu só usava metrô ao lado da minha mãe quando era realmente necessário. Quando cheguei a esta idade, comecei a sair e reparar no transporte público de São Paulo. Em ônibus eu já reparei mais. Já senti frio na barriga ao torcer para que o motorista visse meu sinal. Agora encaro isso como rotina.
Mas o metrô não. Metrô é diferente. Eu gosto sempre de estar com os cabelos soltos e sem fone de ouvido quando o metrô pára na estação, assim posso ouvir o grito ensurdecedor que ele dá quando freia. Uma vez, fui até o Jabaquara e, a partir da Saúde mais ou menos, o grito agudo era constante e não se ouvia nada dentro do próprio transporte. Foi um dos momentos em que mais estremeci e mais me deleitei por dentro.
Além de que, fico me encarando enquanto ele ainda está em alta velocidade e consigo ver meu reflexo nas janelas. Parece que meu próprio demônio está ali, de pé, me olhando e apenas esperando o momento certo para pular no meu pescoço e me enforcar.
Já nas estações, é claro, todas as pessoas com tendência à depressão (como eu) gostam de observar os passantes de catracas e se atentar às seus incríveis detalhes. Já pensei em andar com um caderninho e uma caneta e anotar idéias que surgem nesses tempos em que olho as pessoas andando por aí, mas me veio à cabeça de que, infelizmente, seriam idéias iguais umas às outras.
Me lembro de alguns detalhes ao andar de metrô. Minha época do Abraços Grátis, quando andava com o Cauê e o Rafael, quando andava com o Leonardo, quando era de manhã e eu estava voltando dos rolês da Mônica, ou quando eu fiz minha única viagem para o Tatuapé. Memórias que eu guardo com carinho porque cada uma delas me lembra meu estado de espírito mais comum diante do minhocão e do espelho:

vazio.

Eu tinha certeza de que isso ia acontecer. Me vejo fadada ao decair dos olhos a toda vez que alguém os levanta.
Fica frio de novo.

“Night after night she lay alone in bed
Her eyes so open to the dark” – Charlotte Sometimes – The Cure.
Boa Noite!

Esgota. Nos faz engolir seco. Treme as minhas mãos e pernas. Esquenta as palmas e orelhas. Nos faz ter tiques momentâneos. Qualquer válvula de escape é válida. Fechar os olhos por 2 segundos alivia, mas não é suficiente. Tudo parece difuso e você não consegue focar nem ao que está na sua frente. Perco a respiração. Perco o controle. Parecem todos estarem olhando para nós, como se fôssemos diferenciados. Olhares nervosos se trocam rapidamente e nos fazem vermelhos nas bochechas. O coração bate mais forte, apesar da falta de ar nos pulmões. E, ás vezes, eu preciso parar e olhar para o nada, apenas para contemplar o simples e belo nada.

Isso era pra ser um ensaio sobre o que eu senti enquanto fazia a prova da FUVEST hoje de tarde. Mas se misturou com outras sensações. Raiva e paixão tão próximas assim? Estou com raiva de mim mesma porque não fui muito bem na FUVEST. E só uma paixão minha podia me dar essas sensações acima de maneira positiva. Aliás…acho que pode ser mais que paixão.
(sim, estou gay e com vontade de transparecer tudo, há!)

“What’s happening to me
I’m dying from the inside
Body hurts too much to feel
And pressure adds to pain” – Deliver Us From Evil – Bullet For My Valentine.
Boa Noite!

Repetição.

Já ouço eles se arrumando antes mesmo dela me chamar
Tória, precisa de dinheiro, filha?
Não, mãe. Tô bem.”
Ela logo se despede enquanto eu olho no despertador vintage preto: 6:30. Horário sempre igual.
Inconsciência.
9:30 exatamente eu acordo, olho no mesmo relógio e penso sempre “mais uma hora pra enrolar na cama. Que maravilha!” Dou uma esticada e fico aproveitando meu momento solitário pra ficar pensando na morte da bezerra e em como meu dia pode ser legal ou terrível ao mesmo tempo.
Inconsciência.
Acordo uns 2 minutos antes do meu celular vibrar e tocar “Wake Up” do Project46.
10:30
Sento na cama, abro o armário e escolho a roupa para usar no colégio. Tento lembrar se posso lavar o cabelo ou se devo esperar mais um dia. Separo a cortina e vejo o céu. Eu realmente adoro quando está nublado, apesar do calor escaldante e não há risco de chover. Um tempo meio raro de acontecer, mas é perfeito para me deixar de bom humor logo de cara (o que também é raro). Sendo assim, pego minhas coisas e vou pro banheiro. No meio do caminho, rapto o rádio e coloco no último volume a Kiss FM (102, 1).
No banho, danço conforme a música, canto tão bem quanto a Sandy e ainda tenho tempo de ficar encarando os peixinhos da cortina de plástico que serve de Box temporário. Desligo o rádio e me encaro terrivelmente no espelho. Faço umas caretas. E me examino para ver se está tudo em ordem. Depois desse ritual, eu começo a me secar e a me aprontar.
Uma vez estando minimamente pronta, desço e tomo meu café até as 11:30 assistindo alguma coisa boba na TV. Geralmente um desenho ou um filme dramático. Dificilmente vou além. Subo e vejo o que quero ver na internet. Se for o caso, prolongo minha estadia na cadeira e faço trabalho. Mas é um ato incomum. Apenas vejo e-mails, redes sociais e blogs interessantes ao meu pseudo-sarcasmo.
12:00, 12:10 eu desligo o PC e começo a me maquiar. Para garotas sem prática, passar o delineador e fazer o look “cat” ainda é meio difícil, mesmo que seja um exercício diário. Encaixo meu tênis, arrumo minha bolsa e logo desço para almoçar (há vezes que troco o almoço pela louça lavada e por um corpo mais magro, psicologicamente falando). Escovo meus dentes e lá me vou em mais um dia no técnico.
13:00.
Subo a rua com a cautela de não olhar nos olhos dos vizinhos quarentões que nada fazem da vida a não ser olhar a rua e beber cerveja. Ligo o mp3 do celular e me abstenho.
Inconsciência.

E aí, às 10 horas e 9 minutos da noite do dia 6 de novembro, eu me pergunto o porquê de estar descrevendo minhas manhãs comuns para vocês de maneira tão aleatória e aberta.
E eu respondo!
Este ensaio de memória serve para eu lembrar como estão as coisas comigo mesma antes de me afogar em trabalhos, vestibulares e possíveis corações flutuando (este último não é certeza. acho que tenho medo de ter certeza. PORRA! Tenho medo de tudo. ¬¬’).
Ok, eu ainda não me entendo por completo. Alguém se entende, aliás?
E, apesar de ser atrasilda às vezes, eu sou viciada em horários perfeitos em todos os lugares.

“Severed myself from my whole life
Cut out the only thing that was right
What If I never saw you again
I’d die right next to you in the end ” – Danger Keep Away – Slipknot.
Boa Noite!

Caminho de pedra.

Anda com a maquiagem ainda imperfeita, mas só se reconhece o traço errado de perto. Prefere mostrar as pernas e a nuca nuas, apesar de olhar feio os homens de meia-idade que comentam da brancura dos membros inferiores.
Gosta de piscar e olhar pra cima, como cena de filme, assim, pode parecer interessante para quem lhe olha com cautela. Com o mesmo propósito, coloca a mão na boca para pensar e olha com visão periférica quem, por um acaso, achou isso de destaque na moça.

Através de mensagens de falsas atrações, ela nem se preocupa, na verdade, em verificar se isso pode ser durável ou não. O objetivo é observar as reações, mas não vivenciá-las, muito menos ter elas por perto durante muito tempo. Abraça a solidão como quem come com fome um prato feito em casa, mas querendo que fosse almoçar fora.
Não sabe se é preguiça. Não sabe se é falta de jeito ou má-impressão que causa sem querer. Não sabe se é azar. Ou se é porque nasceu para ser mais uma mulher revolucionária que se dedica em mostrar ao mundo que ela existe do que conseguir enlaçar aquele que talvez a satisfaça emocionalmente, fisicamente e intelectualmente.

Ela, que se sente diferente, quer o diferente para seus abraços. E todos parecem tão iguais, não importa aonde estejam, quem sejam, quando sejam…Todos iguais.

Isso irrita tanto.

“Nothing will hold,
Nothing will fit,
Into the cold,
No smile on your lips,
Living in the ice age.” – Living in the ice age – Joy Division
Boa Noite!

Prazeres.

Assistir dois ou três filmes água-com-açúcar ao mesmo tempo.
Sentir o sol batendo no rosto num dia frio e me esquentar com a luz amarela cegante.
Sentir o rosto corar ao olhar pra alguém bonito e esse alguém retribuir.
Ter um dia produtivo e me sentir últi e organizada.
Ouvir minha mãe dar risada.
Ouvir meus irmãos darem risada.
Competir com alguém de quem estrala mais o que no corpo.
Comer pouco e me sentir mais magra.
Comer muito e me sentir livre.
Lembrar de tudo, mesmo tendo bebido mais que todos.
Ver crianças se divertirem com algo que eu me diverti também.
Sentir os calos das mãos masculinas que posso segurar.
Saber que dormi muito bem ao ver o travesseiro molhado de baba.
Sair do salão de beleza pensando que sofri, mas a-rra-sei.
Dar beijos estalados na bochecha dos amigos.
Dar um abraço forte nos amigos.
Dar um abraço forte nos seus familiares favoritos.
Imaginar como vai ser quando tiver reunião familiar em casa e as crianças correndo pela sala, ao invés de primos, serem filhos e sobrinhos.
O cafuné que minha mãe faz quando estou no sofá.
Tomar banho ouvindo as músicas que tocaram na sua infância e saber cantar junto ainda.
Ficar horas no banheiro, passando todos os cremes e escovando o cabelo várias vezes só para colocar o pijama, pegar uma caixa de chocolate e ver um filme qualquer.
Sorrir sem medo.
Olhar sem medo.
Ter borboletas no meu estômago por alguém e sorrir, pois estas borboletas fazem cócegas.
Fazer caretas no espelho porque me sinto sexy com qualquer expressão.
Ficar sozinha em casa e concluir tudo isso pensando em um texto alegre pra variar.

“Does my mind mean more to you
Cause if I carry on
Deliver us from evil
Screaming for your vanity” – Deliver Us From Evil – Bullet For My Valentine.
Boa noite!

Passado escolar

No começo, eu era apenas uma aluna esforçada. Era uma criança fofinha e lindinha que queria atenção dos professores. Conforme fui crescendo, meu começo de adolescência foi terrível. Eu espichei, me tornei magra demais, dentuça demais, rabugenta demais e, em resumo, feia demais. Apesar da inteligência e senso de percepção mais elevado do que o do geral.
Eu passai praticamente 4 anos seguidos da minha vida sendo xingada e sofrendo um príncipio de bullyng na escola porque eu era feia e as outras garotas bonitas e emancipadas (porém, meio burrinhas. Uma ou outra salvava).
Antes de tudo, eu estudava numa escola particular. Não tinha tantos filhinhos-de-papai quanto agora. E nem havia tanta má educação quanto a que vejo hoje no mesmo colégio (minha mãe trabalha lá e conta umas coisas terríveis). Mas, sempre houve aquela coisa de quem era mais rico que quem, ou, quem podia ir mais na balada, quem beijava mais quem, enfim, quem podia mais o que. E nessas, eu tentava mostrar que a minha inteligência era a maior entre os outros, apesar deu ser feia, dentuça e magrela e, claro, NERD. Era pedir para ser aloprada. Mas, nunca mudei minha mentalidade sobre isso. Aliás, piorei a situação.
Quando entrei na 6ª sééérie mais ou menos (pirralha master), comecei a ouvir Linkin Park, haha. E me achar a “fodona” porque era uma das poucas que gostava de rock da sala, além do cabeludo metidão (bota metido nisso) que era o charme da nossa turma. ¬¬’
Bom, esses tormentos foram até a 8ª série. No 1° ano, mudei de colégio e entrei numa escola pública (ETEC), daquelas que você tem que fazer o vestibulinho pra entrar (ou seja, sua inteligência finalmente é valorizada e levada a sério). Mudei de cabeça, mudei de jeito, mudei inclusive de valores, de notas, de amigos, de críticas, de modo de falar. Mudei tudo.

Me formei o ano passado nessa mesma escola pública. Eu sempre me perguntei se eu teria mudado tanto quanto mudei nestes últimos 3 anos se tivesse continuado naquela escola particular. Eu andei vendo fotos de quem estudava comigo.
A maioria dos meninos virou bombadinho filhinho-de-papai ou frustrados que não sabem o que querem da vida e fazem um cursinho ou faculdade qualquer para dizer que está fazendo algo. Quanto às meninas, são peitudas peruas que esticam as fotos para parecerem mais magras ou, também, pessoas frustradas que não sabem o que querem da vida e acabam fazer uma coisa qualquer.
Me parecem vazios e fúteis.
Lógico, tem suas exceções. Sempre há. Mas…São exceções. É o contrário do pessoal que se formou comigo e a maioria sabe o que quer, tem um real objetivo, dá valor ao que tem e não ficam desesperados se a menina lá da esquina deu mais que ela. E daí?

Acho que, se por um acaso eu re-encontrasse esse pessoal de novo, ou me sentiria orgulhosa, ou frustrada. Orgulhosa de ser como eu sou, diferente deles. Ou frustrada, porque, apesar de ter chegado onde cheguei, eles podem parecer mais felizes, mesmo sendo ignorantes (perante minha visão). Felicidade é ignorância? Conhecimento é um rumo certo para sucesso, percepção do que é ao nosso redor e parte de um caminho para depressão?
Não sei bem.

Acho que gosto demaaais de quem me tornei para voltar atrás e me tornar um deles. Tão iguais.

Eu pretendo fazer uma reforma no blog. Em breve, quando parar um pouco a pressão do Técnico e do ENEM. Me desejem sorte. 😀

“I want to say it’s to me to change the world
Now I want to play today kicking down the door
Now I’ll be alright as long as I ain’t seen it all
Now I’mma hold you tight to that night we had a ball
We had a ball” – Ragoo – Kings Of Leon

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