Já ouço eles se arrumando antes mesmo dela me chamar
“Tória, precisa de dinheiro, filha?“
“Não, mãe. Tô bem.”
Ela logo se despede enquanto eu olho no despertador vintage preto: 6:30. Horário sempre igual.
Inconsciência.
9:30 exatamente eu acordo, olho no mesmo relógio e penso sempre “mais uma hora pra enrolar na cama. Que maravilha!” Dou uma esticada e fico aproveitando meu momento solitário pra ficar pensando na morte da bezerra e em como meu dia pode ser legal ou terrível ao mesmo tempo.
Inconsciência.
Acordo uns 2 minutos antes do meu celular vibrar e tocar “Wake Up” do Project46.
10:30
Sento na cama, abro o armário e escolho a roupa para usar no colégio. Tento lembrar se posso lavar o cabelo ou se devo esperar mais um dia. Separo a cortina e vejo o céu. Eu realmente adoro quando está nublado, apesar do calor escaldante e não há risco de chover. Um tempo meio raro de acontecer, mas é perfeito para me deixar de bom humor logo de cara (o que também é raro). Sendo assim, pego minhas coisas e vou pro banheiro. No meio do caminho, rapto o rádio e coloco no último volume a Kiss FM (102, 1).
No banho, danço conforme a música, canto tão bem quanto a Sandy e ainda tenho tempo de ficar encarando os peixinhos da cortina de plástico que serve de Box temporário. Desligo o rádio e me encaro terrivelmente no espelho. Faço umas caretas. E me examino para ver se está tudo em ordem. Depois desse ritual, eu começo a me secar e a me aprontar.
Uma vez estando minimamente pronta, desço e tomo meu café até as 11:30 assistindo alguma coisa boba na TV. Geralmente um desenho ou um filme dramático. Dificilmente vou além. Subo e vejo o que quero ver na internet. Se for o caso, prolongo minha estadia na cadeira e faço trabalho. Mas é um ato incomum. Apenas vejo e-mails, redes sociais e blogs interessantes ao meu pseudo-sarcasmo.
12:00, 12:10 eu desligo o PC e começo a me maquiar. Para garotas sem prática, passar o delineador e fazer o look “cat” ainda é meio difícil, mesmo que seja um exercício diário. Encaixo meu tênis, arrumo minha bolsa e logo desço para almoçar (há vezes que troco o almoço pela louça lavada e por um corpo mais magro, psicologicamente falando). Escovo meus dentes e lá me vou em mais um dia no técnico.
13:00.
Subo a rua com a cautela de não olhar nos olhos dos vizinhos quarentões que nada fazem da vida a não ser olhar a rua e beber cerveja. Ligo o mp3 do celular e me abstenho.
Inconsciência.
E aí, às 10 horas e 9 minutos da noite do dia 6 de novembro, eu me pergunto o porquê de estar descrevendo minhas manhãs comuns para vocês de maneira tão aleatória e aberta.
E eu respondo!
Este ensaio de memória serve para eu lembrar como estão as coisas comigo mesma antes de me afogar em trabalhos, vestibulares e possíveis corações flutuando (este último não é certeza. acho que tenho medo de ter certeza. PORRA! Tenho medo de tudo. ¬¬’).
Ok, eu ainda não me entendo por completo. Alguém se entende, aliás?
E, apesar de ser atrasilda às vezes, eu sou viciada em horários perfeitos em todos os lugares.
“Severed myself from my whole life
Cut out the only thing that was right
What If I never saw you again
I’d die right next to you in the end ” – Danger Keep Away – Slipknot.
Boa Noite!