Reclamona

Pois é. Andei passando por poucas e boas esse último mês e acabei não falando nada de nada. Estou ocupada com a faculdade e, pra variar, tentando me fechar e não vendo necessidade em falar as coisas em alto e bom som. Mas pra ser sincera, há vezes em que você precisa apelar para as indiretas-diretas para passar uma informação.

Eu quero deixar claro uma coisa antes: este blog é uma pura demonstração minha de egoísmo. Eu escrevo por mim e para mim, deixando isso público. Eu escrevo o que eu quiser. Esta é minha cabeça e eu tenho o direito de deixar gravado (ou não) o que passa por ela.
Vou falar de uma coisa que eu realmente acredito: liberalismo. Um cidadão, quando quer, pode muito bem mudar sua vida, sem a ajuda de qualquer coisa. Se ele teve uma ajuda, ou foi coincidência, ou foi sorte. Podemos pensar assim. Mas a verdade é: quando você realmente QUER mudar algo. Quando você quer ganhar mais, quando você quer ir para um show, quando você quer mudar de vida, quando você quer que seu relacionamento melhore. Quando você quer QUALQUER COISA, realmente quer. Você consegue.
Vou dar 3 exemplos muito grandes da minah vida para isso:
-Eu queria muito, muito mesmo ir no show do Linkin Park (é besta, eu sei. xP) quando eles vieram em 2004~2005. Mas eu não tinha dinheiro. Estava passando por uma época difícil financeira. Eu queria tanto, tanto, tanto. Que uns 3 dias antes do show, um dos meus tios ligou e disse que queria ir na arquibancada ver os caras, mas não tinha companhia (detalhe, ele só conhecia a banda por causa da música da novela). Então ele me chamou, pagou tudo e tudo mais. Foi um dos dias mais legais da minha vida.
-Poucos anos depois, eu queria absurdamente entrar no Einsten: escola em que eu me formei do ensino médio. A nota de corte era 27. Eu tinha feito 30. Mas faltava 2 pessoas na lista para sair e eu conseguir entrar em alguma sala. Fui em todos os dias de todas as chamadas. Não consegui a vaga. Tive que ficar uma semana na escola particular por conta disso. Até que o cara que trabalhava lá (conhecia meu irmão, afinal ele também estudou lá) e tinha anotado meu número de telefone e ligou 1 semana antes de começar as aulas do Einstein. Ele me garantiu a vaga. Consegui entrar no colégio que eu tanto queria.
-Meu quarto. Depois que meu irmão faleceu, é que eu finalmente tive meu quarto. Ele ainda não está de todo completo. Falta colocar vidro nas janelas, o batente da porta e um armário pra que eu finalmente tenha liberdade dentro dele. Mas, depois de tantos anos. TANTOS ANOS, eu, meus pais e meu irmão temos privacidade. Podemos nos trancar em nossos quartos. Podemos arrumar e desarrumar o nosso canto. Claro que não foi fácil. Teve que pintar as paredes, mudar as coisas. Mas isso, sinceramente, não é nada depois que você vê as coisas funcionando.
Quem quer, consegue.
Quem quer mudar o país, também consegue (lembrando que hoje é dia de voto).
O que eu quero agora, de verdade:
-Economizar dinheiro para colocar vidro nas janelas (por volta de R$200,00);
-Economizar dinheiro para arrancar a escada podre que eu não sei como, ainda aguenta nosso peso e abrir a porta da sala (por volta de R$600,00);
-Tirar notas boas em todos os projetos da faculdade;
-Arranjar um emprego;
-Tirar a carta;
-Sair de casa e morar sozinha.
Prefiro ficar sem sair, sem gastar com nada de luxo, sem TV à cabo, sem ir ao cinema, sem comer um salgadinho que seja por 3 meses do que continuar assim.
Qualquer reclamação: clique em “comentários”.

Sorte é você quem faz.

Peguei a mochila e adiantei o trabalho de arrumar as coisas. 2 camisetas, 1 calça, 4 calcinhas, 4 pares de meias e uns 2 sutiãs. Seria suficiente para passar alguns dias sem lavar a roupa. Toalhas? Uma só tava bom. Já não cabe quase mais nada e o pouco que ainda falta levar eu vou colocar na sacola disfarçada.
Está tudo indo conforme os planos. Amanhã eles viajam para um lado e eu, ao invés de ficar em casa e cuidar do lar, vou-me para a minha própria aventura. Talvez eu fique fora por apenas uns dias. Ou por todos os outros dias (que era o planejado). Não queria pensar de novo na minha decisão. Olhar meus pulsos cheios de cicatrizes e os recados antigos de amigos perguntando o porquê de tudo isso já me eram justificativas suficientes para tentar novamente. Tentar o isolamento e, enfim, a liberdade absoluta: a morte concebida por mim mesma. Irei para o hotel, ficarei bêbada por 5 dias, farei todo o sexo puro e sujo que conseguir, gritarei, matarei a camareira por diversão e finalmente darei o tiro da redenção. Me despedindo dos jornais que publicarão isso com classe, como um caso memorável. E dos que eu amo, farei com que me odeiem. A glória de virar a mesa e transformar admiração para rejeição.
Ao lado de um possível Lúcifer eu me sentarei. E dele tentarei ser amante.

“People say that your dreams
are the only things that save ya.
Come on baby in our dreams,
we can live our misbehavior.” – Rebellion (Lies) – Arcade Fire.
Boa Noite!

Reconhece?

Acordou. Olhou para as mãos e viu que estavam vermelhas, principalmente a direita. Acendeu o abajur e olhou mais atenta. Não fez muita diferença, muito escuro. “Será que estou sangrando?” e saiu correndo até o banheiro. Ao ver seu reflexo no espelho lembrou que o vermelho era da tinta do cabelo. Suspirou, mas não se sabe se foi de alívio ou de frustração. Lavou as mãos e voltou ao quarto.
Ao sentar-se na cama, percebeu que o despertador vintage (que ganhou da mãe e simplesmente o adora) marcava 2:37 da madrugada. No relógio de pulso digital, a temperatura era de 21°. “Tudo bem, tá calor e você não consegue dormir.”Abriu a janela ao máximo e ficou olhando a lua até adormecer de novo.
O leve lençol ainda lhe sufocava, o que, em sonho, causava o efeito de mãos. Mãos de uma mulher? Não, mais fina, uma adolescente, talvez. Ela conseguiu abrir os olhos e finalmente viu: a moça era ela mesma, lhe enforcando com toda a força. Nos olhos de sua ‘clone’, ela via as lágrimas de raiva. “Por que você fez isso comigo? Por que está fazendo tudo errado de novo? Por que você não foi embora inda e largou tudo? Sua covarde!” Ela disse antes de dar um tapa e voltar com as mãos no pescoço da sonhadora. As unhas estavam entrando na pele e tudo o que a garota original conseguiu fazer foi gritar.
Finalmente acordou. De novo. Ficou paralisada até perceber que estava em sua cama, apenas sendo arranhada pela costura do lençol. Sem dor, sem enforcamento, sem dúvida. Ao afundar a cabeça no travesseiro lembrou que alguém disse que os sonhos são reflexo do nosso mais íntimo desejo ou aflição.
Vermelho na cabeça e nas mãos?

“What’s gone wrong, I can’t see straight
Been too long, so full of hate” – Hate To Feel – Alice In Chains.
Boa Noite!

Caixa de Pandora

Lambeu os dedos. O sal fazia sua pressão subir e os lábios ficarem vermelhos. Tentou fazer de novo o truque de equilibrar o pote de sal sobre uma montanha de seu próprio conteúdo derramado sobre uma mesa de bar. Uma atitude patética e, no mínimo, rídicula aos olhos dos frequentadores do boteco. Em toda a sua vida ela se perguntava porque sempre existiram bares como aqueles: sujos, com baratas, olhares maldosos e egoístas em todo lugar, além da gordura abafando o vidro das vitrines de salgados.
Ao olhar o relógio reparou como era fácil sua vida de registros que agora se resumem em anotações num caderno acabado e rasgado nas bordas. Ela anotava as mudanças que precisou tomar para tornar-se alguém totalmente comum e desprezível na cidade do interior. As mulheres sabiam o que ela era pela pose e pelas roupas. Os homens sabiam o que ela era pelo olhar instingando malícia comprada.
Prostituta. Puta. Acompanhante dos pobres. Namorada de aluguel. Vadia. Piranha. Mulher da vida. E a que ela a gostava de se auto-intitular: curiosa. Tanto por essa brincadeira com o nome à sua profissão que para os outros se apresentava como Pandora. Ao abrir suas pernas para libertar a curiosidade de como é sentir cada homem, mulher ou ambos, explode uma gama de raiva, doenças, curas, tristezas, esperanças, paz e guerras internas. E ela agradece ao encontrar Deus caindo na tentação de seu próprio filho vindo da luz.
Os braços marcados pelas mãos de homens brutos e pelas agulhas da tatuagem de rosas tribais desbotam no sol enquanto ela caminha pela rua a caminho da sua kitnet. É claro, ela chama a atenção das pessoas que passam por ela. A mini-saia, o top e o salto de 15 cm deixam claro que este é seu marcketing principal. Ao chegar em casa, tira as roupas e vai para o banheiro. No caminho, pega a toalha amarelada, o pote novo de comprimidos, o espelho e os cadernos. Deixa os cadernos cuidadosamente ao lado da pia, onde não molha, e liga o chuveiro. Tomou 60 comprimidos. Olhou-se no espelho e observou-se colocar a toalha na boca e verificou se era possível assustar-se com aquela cena.
Silêncio gritado. E ela desmaia.

Característica

Transborda o olhar em lugares inanimados. Absorve vozes em nome da distração. Cria tremores em suas dedos magros e insuficientes para alisar o cabelo da maneira nervosa que gosta de demosntrar.
O que você sente, o médico lhe pergunta. Frustração, raiva, insegurança, angústia, vontade de socar a minha própria cara, de fechar os olhos e sumir, de pegar a faca e trazer a dor de volta só para ver se tudo isso vale a pena de novo (sua inútil, ela pense em paralelo), saudade de quem não se pode sentir falta, tristeza, carência, raiva da carência, impotência, náusea, em resumo, tudo aquilo que um poeta diz sentir quando escreve, mas eu sou incopetente demais pra fazer alguma obra desse tipo que valha alguma breve olhada – ela pensa. “Dor de cabeça” por fim responde.
Acariciou as veias azuladas no pulso esquerdo e admirou sua tez tão branca e transparente, seu orgulho mais fútil depois de pensar que é a única com humor tão variado em um dia qualquer. Após tropeçar na calçada, de novo, lembra que não é tão invencível assim e que sua carapaça está para se quebrar diante de todos, sem que ela consiga descobrir onde começam as rachaduras. Sente o frio do medo. Reconhece seu fracasso determinado a tantos anos e admira o coração trancado a sete chaves pois sabe que, se alguém o tocá-lo, também pode destruí-lo.

“When you lose small mind,
You free your life” – Aerials – System Of A Down.
Boa Noite!

Esgota. Nos faz engolir seco. Treme as minhas mãos e pernas. Esquenta as palmas e orelhas. Nos faz ter tiques momentâneos. Qualquer válvula de escape é válida. Fechar os olhos por 2 segundos alivia, mas não é suficiente. Tudo parece difuso e você não consegue focar nem ao que está na sua frente. Perco a respiração. Perco o controle. Parecem todos estarem olhando para nós, como se fôssemos diferenciados. Olhares nervosos se trocam rapidamente e nos fazem vermelhos nas bochechas. O coração bate mais forte, apesar da falta de ar nos pulmões. E, ás vezes, eu preciso parar e olhar para o nada, apenas para contemplar o simples e belo nada.

Isso era pra ser um ensaio sobre o que eu senti enquanto fazia a prova da FUVEST hoje de tarde. Mas se misturou com outras sensações. Raiva e paixão tão próximas assim? Estou com raiva de mim mesma porque não fui muito bem na FUVEST. E só uma paixão minha podia me dar essas sensações acima de maneira positiva. Aliás…acho que pode ser mais que paixão.
(sim, estou gay e com vontade de transparecer tudo, há!)

“What’s happening to me
I’m dying from the inside
Body hurts too much to feel
And pressure adds to pain” – Deliver Us From Evil – Bullet For My Valentine.
Boa Noite!

Caminho de pedra.

Anda com a maquiagem ainda imperfeita, mas só se reconhece o traço errado de perto. Prefere mostrar as pernas e a nuca nuas, apesar de olhar feio os homens de meia-idade que comentam da brancura dos membros inferiores.
Gosta de piscar e olhar pra cima, como cena de filme, assim, pode parecer interessante para quem lhe olha com cautela. Com o mesmo propósito, coloca a mão na boca para pensar e olha com visão periférica quem, por um acaso, achou isso de destaque na moça.

Através de mensagens de falsas atrações, ela nem se preocupa, na verdade, em verificar se isso pode ser durável ou não. O objetivo é observar as reações, mas não vivenciá-las, muito menos ter elas por perto durante muito tempo. Abraça a solidão como quem come com fome um prato feito em casa, mas querendo que fosse almoçar fora.
Não sabe se é preguiça. Não sabe se é falta de jeito ou má-impressão que causa sem querer. Não sabe se é azar. Ou se é porque nasceu para ser mais uma mulher revolucionária que se dedica em mostrar ao mundo que ela existe do que conseguir enlaçar aquele que talvez a satisfaça emocionalmente, fisicamente e intelectualmente.

Ela, que se sente diferente, quer o diferente para seus abraços. E todos parecem tão iguais, não importa aonde estejam, quem sejam, quando sejam…Todos iguais.

Isso irrita tanto.

“Nothing will hold,
Nothing will fit,
Into the cold,
No smile on your lips,
Living in the ice age.” – Living in the ice age – Joy Division
Boa Noite!

Evolução

Bom, depois de taaanto tempo, eu venho postar sem coisas tristes pra dizer. Mesmo porque, tanto quanto a felicidade excessiva, a tristeza também cansa. Então estou arranjando meus meio-termos.

Ultimamente tenho me dedicado ao extremo no técnico e pra estudar pro ENEM. Trabalhos e rotina tomaram conta de mim. Eu parei um pouco de me questionar. Foi uma coisa meio “pra que ficar me questionando e me lamuriando se eu tenho tanta coisa pra conquistar e fazer na minha vida, mesmo que isso siga os ‘padrões da sociedade’?”. Se eu continuasse nessa onda, seria um poço sem fim de morbidez tomando conta da minha cabeça, sendo que o melhor agora é eu saber trazer alegria ou, no mínimo, segurança pra minha família e amigos.
São tempos de mudanças (tanto é que pretendo mudar o visual do blog em breve, deixa eu ter mais tempo, haha).
Depois que fiz 18 anos, percebo os extremos que cheguei em tão pouco tempo (ou seria o suficiente?). 4 anos me mudaram MUITO. Foi uma mutação tanto interna quanto externa. Era uma radical femista, cabelos curtos, santa de boca, crítica com tudo e todos, abominava qualquer tipo de luxúria e quase quis ser presidente do país. Agora, sou uma feminista (há diferença entre feminista e femista), que aprova a liberdade de toda e qualquer forma de expressão, conhecida entre os amigos como “macho pra beber”, quer que o circo pegue fogo e a única coisa que critica são aqueles que criticam por demais aquilo que pouco conhecem ou sentiram na pele.
De repente, todos são banais, fúteis, tolos e massificados. Homossexualidade é aceita, mas não é bem vista. O governo ainda é visto como piada e não nos atinge. Ciúme é motivo para usar chantagem em cima dos outros. Desgraça é motivo para abusar dos outros.
Uma vez meu tio (irmão da minha mãe), disse uma coisa que realmente reflete ao que a maiorado do povão pensa. Ele disse “o que eu sei é que na sociedade o que importa é imagem”. Sinceramente, eu não me dei ao trabalho de corrigí-lo porque sei que, pela idade dele, seria uma coisa inútil. Se eu fosse feita de imagem, metade de mim estaria despedaçada. Acho que isso me instiga mais ainda a procurar aquilo que amoral ou “errado”. Eu já vi tudo aquilo que tem de bom nesse mundo, mas e o que tem de ruim? Será que tem graça? Porque a imagem que procurar isso importa tanto? No final, vamos todos nos formar no colégio, ou na faculdade, os amigos que pensam como nós vão ficar, vamos trabalhar e se manter no emprego depende de nossa capacidade de exercer a profissão que escolhemos, não da nossa imagem. Cuidar dos nossos filhos, prepará-los para o mundo (não para nós mesmos) exige conhecimento de vida, saber o que a sociedade é capaz de fazer quando você não segue seus padrões pois, se seu filho for o “diferente” em seu campo social, você tem o que dizer a ele. Tem como cuidar de suas feridas, tem como contar histórias parecidas e fazer ele compreender seu ponto de vista como mãe/pai.
Já me vi diante de encarar essa batalha da “imagem” antes. Agora parece mais dura, não sei bem. Ás vezes espero demais das pessoas ao meu redor e, as que menos espero, se revelam pensantes como eu.
Como disse, depois da morte do Allan, tudo me parece simples demais para me descabelar ou me deixar pra baixo. Não que eu jamais fique agora. Só que não dou tanta à importância àquilo que realmente, no final das contas, não tem importância.
Hahahaha, tô falando demais, né? Vou parar, desligar o computador, estudar, ler e dormir. Amanhã de manhã tenho que fazer uns trabalhos e, enfim, vou me aguentado nessa minha vida “certinha” até domingo, quando termina a prova do ENEM e eu vou ficar mais aliviada (indo bem ou não). Aliás, torçam por mim. =]
“You like to think you’re never wrong
(You live what you learn)
You have to act like you’re someone
(You live what you learn)
You want someone to hurt like you
(You live what you learn)
You want to share what you’ve been throught
(You live what you learn)” – Points Of Authority – Linkin Park
Boa Noite!