Sorte é você quem faz.

Peguei a mochila e adiantei o trabalho de arrumar as coisas. 2 camisetas, 1 calça, 4 calcinhas, 4 pares de meias e uns 2 sutiãs. Seria suficiente para passar alguns dias sem lavar a roupa. Toalhas? Uma só tava bom. Já não cabe quase mais nada e o pouco que ainda falta levar eu vou colocar na sacola disfarçada.
Está tudo indo conforme os planos. Amanhã eles viajam para um lado e eu, ao invés de ficar em casa e cuidar do lar, vou-me para a minha própria aventura. Talvez eu fique fora por apenas uns dias. Ou por todos os outros dias (que era o planejado). Não queria pensar de novo na minha decisão. Olhar meus pulsos cheios de cicatrizes e os recados antigos de amigos perguntando o porquê de tudo isso já me eram justificativas suficientes para tentar novamente. Tentar o isolamento e, enfim, a liberdade absoluta: a morte concebida por mim mesma. Irei para o hotel, ficarei bêbada por 5 dias, farei todo o sexo puro e sujo que conseguir, gritarei, matarei a camareira por diversão e finalmente darei o tiro da redenção. Me despedindo dos jornais que publicarão isso com classe, como um caso memorável. E dos que eu amo, farei com que me odeiem. A glória de virar a mesa e transformar admiração para rejeição.
Ao lado de um possível Lúcifer eu me sentarei. E dele tentarei ser amante.

“People say that your dreams
are the only things that save ya.
Come on baby in our dreams,
we can live our misbehavior.” – Rebellion (Lies) – Arcade Fire.
Boa Noite!

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